Em um primeiro momento a estética pode ser vista apenas um padrão definido e com um comprometimento direto com aquilo que é belo. Contudo, ao visitarmos a origem da palavra estética (no grego aesthesis = compreensão dos sentidos/faculdade do sentir), perceberemos que ela está ligada às percepções do observador, e de como as roupas e os objetos, de forma geral, geram emoções.

Qualquer investigação sobre a relação da arte e a estética com a moda, nos leva ao universo dos elementos compositivos como a forma, a cor, a textura, a linhas, e os materiais utilizados, e como tudo isso se configura de forma harmônica em um objeto ou composição; seja em um objeto de design ou uma criação artística, e se dá a partir de um contexto, uma cultura e de seu desenvolvimento tecnológico.

No campo do design e da moda, esta configuração se depara com a estética e a funcionalidade. O objeto de moda, assim como o design de objetos envolve o embelezamento e a utilidade, portanto está embutido a ideia de funcionalidade, o que não exclui a ideia de estética e harmonia nestas criações. O termo estética usado nestes campos define se um o objeto tem estética agradável ou não, e tudo está relacionado com o gosto.

Para compreendermos melhor, nos apropriamos de uma citação de Oscar Wilde que relata que, “a moda é simplesmente uma forma de feiura tão insuportável que somos obrigados a muda-la a cada seis meses”. Percebe-se nesta frase uma ironia com o sistema de moda que tem como síntese a obsolescência programada das coleções lançadas de seis em seis meses.

Nesse sentido, percebemos que a moda para sobreviver, precisa inovar-se constantemente e naturalmente é foco da estetização e do gosto, pois afeta a vida da maioria das pessoas com relação à formação da imagem e identidade, como aponta Svendsen “As roupas são uma parte vital da construção social do eu. A identidade não é mais fornecida apenas por uma tradição, é também algo que temos de escolher em virtude do fato de sermos consumidores”.

Ser consumidor na sociedade contemporânea, está relacionado a imagem que queremos transmitir. Esta conceituação envolve os processos de comunicação, produção e venda de bens que respondem às necessidades da sociedade. Estes bens constroem a noção de identidade do indivíduo e sua posição na sociedade, dando noção de diferentes estilos de vida que caracterizam um comportamento e uma visibilidade social.

O designer ao trabalhar com a moda, necessariamente deve ter o conhecimento do contexto onde o produto será lançado, assim como a questão do gosto que envolve determinada sociedade, o que está “in” ou “out”, ou seja, o que está dentro ou fora da moda.  Para o Svendsen o gosto é algo cultivado em uma sociedade e que determina a preferência do sujeito. Nesse sentido, entender esta preferência pelo, gosto, o que é belo ou feio, implica em analisar os comportamentos sociais de cada período e de cada sociedade.

Profª Me. Natani Aparecida do Bem

Prof. Me. Gabriel Coutinho Calvi